sábado, 18 de abril de 2009

Escravos das Recordações

Sinto vontade de gritar, como se eu pudesse, sem os ouvidos ferir.
Vontade de partir, como, se eu soubesse, se tivesse sequer onde ir.
De ir, de sair, as asas domando as forças do vento e pronto!
Pronto a enfrentar o infinito, tão distante, tão próximo, a teu encontro!

As ondas do tempo, envolventes, a varrer, desta vida, as areias,
apagando marcas frescas, passadas, da nossa história recente,
ora delicadas vagas, serenas, sincopadas ao bater destas asas,
ora altaneiras, borrascosas, num turbilhão a nos confundir a mente.

Como explicar a força, que nos anima, nos faz seguir adiante,
quando, em verdade, temos consciência do ontem, presente,
em visões, reais como o zunir do vento em nossos ouvidos.

Escravos das recordações, peças pregadas em nossos sentidos,
a reviver, sempre e sempre, calafrios, tão reais quanto o agora,
sentimentos tão ciosamente guardados, ecos saudosos de outrora.

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